sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O que dizer...

P.S.: Daniel e Renata, cadê vocês na foto???
Este texto também é para vocês!

O ano de 2010 está terminando e ter passado boa parte dele com vocês me fez crescer muito. O que posso dizer? Obrigada! Obrigada por tanto que aprendi com vocês. Como diz Paulo Freire, educador é aquele que ensina e de repente aprende. E eu aprendi demais. Aprendi principalmente o valor e o poder da amizade e do amor, do quanto ambos têm uma força imensa e transformadora.

Só tive mais certeza ainda que vocês são vencedores. Juntos são mais fortes... podem conquistar os sonhos e devem ir atrás deles. São especiais demais.

Sei que foi difícil. Afinal, a pressão do mundo é grande. Enquanto o mundo dizia, façam cursos profissionalizantes, esse é o único caminho, vocês fizeram um curso que não encaminhava para o mercado de trabalho, mas pretendia trazer lições para a vida. A vida é maior do que o mercado de trabalho?

Enquanto todo mundo dizia, vá trabalhar. Vocês teimaram em estudar. Enquanto todos diziam, vamos nos divertir. Vocês pensavam, escreviam (rrr!), debatiam, refletiam. Enquanto falavam, é melhor viver sozinho... Vocês fizeram grandes coisas juntos, em grupo...

E acima de tudo, como disse no princípio e isso foi realmente o princípio, o meio e o fim... vocês se tornaram amigos! Nós somos amigos! E por mais que eu soubesse que às vezes era dureza de encarar ler, escrever, pensar, refletir, quanto trabalho...rs!.... vocês entenderam que estavam crescendo com tudo isso e, nos momentos de cansaço, encontraram amigos verdadeiros em quem se apoiar. E é essa amizade entre vocês que eu mais admiro.

Da amiga, admiradora, educadora (mãe não hein!)

Carla

Amo vocês!

Expressão Jovem

Foi publicada mais uma edição do jornal Expressão Jovem. Quem quiser um ou vários é só chegar no Espaço Esportivo e Cultural BM&FBOVESPA. As reportagens já estão no blog... Boa leitura!

Fase dura de encarar

O jovem vem sendo forçado a entrar no mercado de trabalho muito cedo e acaba deixando de lado seus estudos e suas diversões para ir trabalhar. Outra causa para o início precoce no mercado de trabalho são as adolescentes que engravidam e os jovens que precisam ajudar os pais no sustento da família.

O mercado de trabalho está muito competitivo, principalmente para jovens que não possuem nenhuma qualificação e experiência. E encontram de cara péssimas condições de trabalho além de um salário ruim.

Para conseguir uma chance, muitos jovens preferem o ensino profissionalizante sem ter definido uma profissão. Só que esses cursos não dão oportunidade para todos, somente 40% dos alunos que cursam o ensino profissionalizante conseguem ter uma vaga na área, afirma Patrícia Temporin, professora de um curso de turismo que prepara para o mercado de trabalho.

Muitos jovens, portanto, acabam se tornando parte da geração “nem - nem” (nem estudam e nem trabalham) e outros ficam desempregados (é crescente o número de jovens desempregados entre 18 e 20 anos). Em 2001, 22,5% dessa faixa etária estavam desempregados; em 2009, esse número saltou para 24,1% (o equivalente a 2,4 milhões de pessoas), segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

Texto: Luiz Felipe Ribeiro

Histórias que o povo conta
    
Kethelen Cristina dos Santos, de 16 anos, trabalha no Mc’Donalds e diz que, por um lado, trabalhar lá é difícil pela rigidez e porque se recebe pouco por tudo que se faz. Ela também dá um conselho para que os jovens não saiam por aí querendo arrumar qualquer emprego só para comprar o que desejam. “É melhor pensar bem e escolher algo que goste de fazer e um local de serviço que se sinta bem”. Ela diz, porém, que trabalhar muito jovem é importante para obter experiência e responsabilidade e, apesar do seu trabalho ser um local difícil, o lado bom é que ela vem aprendendo essas duas coisas lá.

Texto e reportagem: Edilane de Deus

Direto da fonte
Na hora de escolher a profissão ou procurar emprego, a ajuda dos pais é muito importante. Fizemos uma entrevista com a mãe de um jovem de 17 anos, Rosa de Oliveira Ribeiro, cozinheira e babá, para saber suas orientações nesta fase:

Expressão Jovem: Como os pais podem ajudar o filho ou qualquer jovem a achar ou seguir a profissão ideal?
Rosa: Dando educação ideal e necessária, conversando, orientando, procurando coisas que eles gostam de fazer e dando dicas.

E.J.: Quando você começou a trabalhar?
Rosa: Comecei aos oito anos fazendo alguns bicos como babá e aos 14 anos (já em São Paulo) como babá oficialmente.

E.J.: Você acha importante trabalhar cedo?
Rosa: Sim, pois o jovem começa a dar valor ao dinheiro e às conquistas e amadurece cedo.

E.J.: Você acha que o jovem deve dar mais valor ao estudo ou ao trabalho?
Rosa: A prioridade é o estudo, mas, se eles não derem valor aos estudos ou conseguir conciliar ambos, o trabalho se torna o mais importante.

E.J.: Qual a idade ideal para trabalhar?
Rosa: Aos 16 anos, pois o jovem já possui maturidade suficiente para trabalhar.

Reportagem: Luiz Felipe Ribeiro
Colaboração: Edilane de Deus

Plano de carreira

Se o jovem para de estudar não consegue se qualificar e melhorar na profissão. Daí a necessidade de conciliar estudo com trabalho. No dia 9 de novembro de 2010, estivemos no cursinho da Póli (curso preparatório para o vestibular) e fizemos uma entrevista com Alessandra Venturini, coordenadora pedagógica do curso, que nos contou como planejar melhor a universidade e a escolha de um trabalho.

Expressão Jovem - Como escolher melhor a profissão?
Alessandra Venturini - Para ajudar a decidir na escolha da profissão é preciso descobrir do que se gosta de fazer e não adianta ir pela moda. Geralmente tem uma novela que tem um advogado que ganha bem, tem uma vida maravilhosa. E daí qual é a mensagem? A mensagem é que ele é feliz, tem dinheiro, uma grande família. Não é legal ir atrás de modismo.

A segunda coisa é pesquisar, daí vale ver o que gosta de fazer desde o colégio, quais disciplinas os jovens mais se identificam e o que envolve a profissão escolhida. Tem gente que chega aqui querendo ser advogado e a primeira pergunta que eu faço é: ‘você gosta de ler?’. Se a resposta for não, eu digo que ele pode desistir. Advogado tem que ler livros enormes, que sempre são atualizados, a lei sempre muda.

E quando o jovem quer ser alguma coisa e os pais não aprovam?
Cada um tem o direito de escolher o que gosta e não o que o outro decide por ele. Tem casos de alunos que querem fazer música e o pai diz que ser músico significa não fazer nada. Eu me pergunto: ‘quem disse isso?’. Já conversamos com pais para dizer que a escolha deve ser do filho, senão ele pode ficar frustrado.

Quais são as profissões mais procuradas pelos jovens?
Artes cênicas, engenharia, medicina, jornalismo, veterinária e fisioterapia.

O sucesso no mercado de trabalho e a entrada em uma universidade se devem a oportunidade ou inteligência?
Tem aluno que chega aqui e fica em dúvida se vai conseguir resgatar tudo o que a escola não ensinou em apenas um ano. Daí ele acaba prestando vestibular e consegue passar. Isso não significa que quem não conseguiu aprender é burro e quem passou é inteligente, a diferença é que um aproveitou as oportunidades mais que o outro. O próprio diretor daqui, que veio de ensino público, disse para a professora da escola que queria passar na Politécnica, na USP, e ela falou: ‘ah, tá bom’ (com tom de ironia e duvidando da capacidade dele) e olha só aonde ele chegou.

Como ter certeza da profissão que vai seguir?
Não dá para ter certeza do que se escolhe 100% não. Se estiver em dúvida, vale passar o dia no local do trabalho. Por exemplo, se quer fazer culinária passa o dia em um restaurante. Uma orientação profissional, como a que temos aqui, também pode ajudar muito.

Por que fazer Enem?
Para conseguir bolsa, o melhor é prestar Enem. O Enem é a porta de entrada para passar no vestibular. Ajuda no ingresso à faculdade federal e também confere bolsas para as faculdades particulares, por meio do ProUni e Cotas para Negros. Além disso, tem empresas que pedem para ver a nota do Enem antes de contratar o funcionário.

Qual a principal qualidade que o jovem deve ter para entrar no mercado de trabalho?
Uma coisa que ajuda a diferenciar o jovem que quer entrar no mercado de trabalho é sair do comum, ter senso crítico. Todo mundo pensa a mesma coisa então o jovem pode achar que deve pensar igual; só que cada um deve ter sua opinião. Senão perde autonomia e grau de reflexão.

Box – Preço que dá para pagar!
O cursinho da Póli possui 25 anos, surgiu com alunos do curso de Engenharia da Politécnica da Universidade São Paulo (por isso o nome do cursinho ser Póli). O objetivo era ajudar alunos da escola pública a entrar na universidade. Além de preparar para o vestibular, o cursinho também é procurado por quem quer prestar concurso público, Enem, curso preparatório para empresas e fazer reforço escolar.  O valor da mensalidade varia entre R$ 100 a R$ 250.

Box - Sugestão de leitura
 “O que é escolha profissional”, Dulce Helena Penna Soares, Coleção nº212 - Primeiros Passos. O livro pode ser encontrado na biblioteca do Espaço Esportivo e Cultural BM&FBOVESPA para empréstimo.

Edição de texto: Luiz Felipe Ribeiro
Colaboração: Rafael de Carvalho Araújo, Thaynara Rhafanelly Lopes e Edilane de Deus.

Como melhorar o diálogo

Diane de Oliveira Padial é psicóloga e já atendeu casos complicados de relacionamentos entre pais e filhos além de ser mãe de adolescentes. Ela conversou com o grupo do jornal Expressão Jovem e deu algumas dicas de como melhorar esse diálogo:

- Para resolver o conflito entre pais e filhos precisa de negociação. Quando negociam, os dois lados devem colocar seu ponto de vista.  Para dialogar é preciso ouvir atentamente o que o outro está tentando dizer, não adianta dizer assim: “então fala vai”! E daí você fala, fala e não ouve o outro.

-Também é importante não ficar preso aos seus argumentos; tem coisas que você vai precisar abrir mão.

-É bom não ir julgando antes. Se já for dialogar com o pensamento “ele é careta ou algo do tipo”; a coisa não rola.

- Se o diálogo não funcionar, os dois lados precisam tentar outro modo. Pense sobre as negociações que você tem que fazer antes de entrar no assunto. Coloque algumas condições. Por exemplo; “você vai me ouvir, depois que eu terminar de falar você vai colocar suas razões” ou “é muito importante a nossa conversa porque isso nos favorece” ou “você vai me ouvir até o fim, não vai elevar a voz”.

-Se houver dificuldade de aproximação e de diálogo pode ser que o pai não confie mais no filho ou ao contrário. Se a convivência estiver comprometida, as pessoas precisam fazer algumas tentativas de aproximação, como diálogo, brincadeira, ver um filme. Se não tiver como conversar, a terapia pode ser uma boa opção.

Precisando de ajuda...
Para encontrar ajuda com psicólogos, procure o CEAF. Lá tem terapia familiar e comunitária gratuitamente, só que em alguns casos há fila de espera. As rodas de Terapia Comunitária, entretanto, acontecem todas as quintas-feiras, das 17 às 19 horas e são abertas a quem quiser participar. O endereço do CEAF é Rua Japuanga, 235 – Alto da Lapa - São Paulo. E o telefone para contato; (11) 3022-9596. Site: http://ceaf.org.br/wordpress/

Texto: Daniel Barros Xavier
Conflito de gerações

É muito complexo tentar falar sobre o relacionamento entre pais e filhos.
Uns vivem em conflito e outros já conseguem lidar com essa situação. Mas o que fazer a respeito de um assunto tão delicado? Os pais não conseguem ver o lado dos filhos ou os filhos perderam o respeito pelos pais?

Em 2010, ocorreu um debate no Espaço Esportivo e Cultural BM&FBOVESPA com a turma do futsal feminino e o grupo de comunicação e todos discutiram sobre o tema. Anotamos algumas opiniões sobre as coisas que mais irritam pais e filhos:


  O que irrita os pais
- Sair sem avisar por medo de ocorrer alguma coisa e eles não saberem onde os filhos estão;
- Mentir;
- Ficar até tarde na rua;
- Más companhias;
- Desrespeitar os mais velhos. 

  O que irrita os filhos
 - Levantar o tom de voz enquanto tentam conversar;
- Não deixar os filhos saírem ou, quando deixam, falar para voltar cedo, no momento em que a festa está ficando boa;
- Não prestar atenção no que o filho está falando.

Texto: Tharcizo Livramento e Renata Lima
Confiar ou proibir?

A fase da adolescência é uma das mais complicadas, pois nesta época se começa a conhecer mais gente, a fazer novas amizades, o que desperta uma curiosidade no adolescente.

A partir daí, então, ele quer sair mais com os amigos e os pais ficam mais inseguros, pois sempre o filho saía com alguém maior de idade. E daí vem muitas perguntas, por exemplo: “Será que eu deixo ou não meu filho sair sozinho?”.  “E os amigos dele vão levá-lo para algum lugar que não deve?”.


Daí surge a questão de proibir, como no caso do Moiséis Gomes Da Silva J.: “Minha mãe proíbe tudo o que eu gosto, inclusive lazer e cultura, e o meu pai acha que grafite não é arte.” E às vezes coisas mínimas também acabam se tornando discussões: “Por causa dos meus irmãos as brigas costumam ser freqüentes e eu sou o mais velho”, diz Moiséis.

Moiséis conta que até tentou dialogar, porém, não conseguiu, pois seus pais não o escutaram (e ele também mostrou ter dificuldade de ouvir). Ele disse que, após tantas discussões, conseguiu um emprego mais longe e saiu pacificamente de casa, foi morar com uma tia e os primos. Agora Moiséis só volta três vezes por semana para casa.

Texto: Andreza Simão

 O Outro Lado

Até agora só vimos os conflitos, mas é bom também enfatizar o lado das pessoas que já conseguem lidar com essa situação. É o caso de Evandro Claudeir dos Santos Junior, 12 anos, que diz que consegue lidar com isso dialogando e entrando em um acordo com os pais.

Evandro também diz que é importante não responder aos pais e respeitá-los.  Já Paulo Sérgio Bezerra da Silva, 18 anos, diz que geralmente se dá bem com os pais e, quando o conflito acontece, reconhece que a culpa e irresponsabilidade são dele. Segundo Paulo, às vezes a mãe se torna autoritária demais. Para amenizar a situação, ele pega mais leve e ela dá mais crédito. Ele também acha que “as mães deviam confiar mais nos filhos”.

Texto: Renata Lima
Reportagens: Andreza Simão e Renata Lima