“... Violência... ”
O que vem em sua mente quando você ouve falar a palavra “violência”? Agressões físicas, morais etc. Existem vários nomes que classificam a violência em “tópicos” ou “tipos”, mas a verdade é que violência é quase sempre a mesma coisa: o ato de prejudicar o próximo, mesmo que para isso precisem usar o físico ou verbal, a fim de recuperar um equilíbrio necessário e justo, concertando o que está errado na visão do agressor.As raízes da violência e as preocupações em evitar que ela desestruture a sociedade são tão antigas quanto à humanidade. Ao longo de milênios, a agressividade humana adaptou-se a evolução social. Sigmund Freud, criador da psicanálise, diz que o homem livrou-se do canibalismo, mas o assassinato permanece, e às vezes com amparo do Estado, como é o caso da pena de morte.Konrad Lorentz, prêmio Nobel, sustenta “haver provas de que os inventores dos primeiros utensílios de pedra – os australopitecinos africanos – utilizaram prontamente suas armas não só para matar animais, mas também membros da própria espécie.O Homem de Pequin, o Prometeu que aprendeu a conquistar o fogo, também fez uso deste conhecimento para cozinhar seus irmãos”.
Atos violentos existem desde o começo da vida na terra! Culturas antigas eram adeptas ao canibalismo, seja para saciar-se ou para oferecer a carne humana como oferenda á algum Deus e esse “culto” era visto com maus olhos pela sociedade “moderna”, que por sua vez usava isso como “desculpa” para praticar também violência contra os índios.
Sim, obviamente a natureza humana também tem uma característica bem desenvolvida para a cooperação, talvez mais que para a agressividade, mas ainda assim, não se pode dizer que a história humana seja pacifica. Desde os primeiros tempos o som das armas pode ser ouvido. Primeiro o baque seco e nervoso da pedra atirada a esmo. Depois, o impacto do projétio arremessado com a precisão do cálculo, como um felino que salta de um lugar para outro. Neste intervalo, som de ossos, galhos, pedras, usados como machados e bordunas reverberaram contra o solo e o corpo de inimigos.
Quando o fogo apareceu também foi usado na guerra onde ainda hoje causa destruição. O fogo foi manipulado física e quimicamente para produzir resultados cada vez mais letais. O fogo das bombas atiradas pelas fortalezas voadoras pode destruir cidades inteiras, mas o fogo nuclear é ainda mais poderoso.
Mais isso não é tudo. Ao longo da história, o som da guerra não foi o único a se propagar pela atmosfera do Planeta. Os sons da música, da pedra sendo esculpida, do pincel cobrindo a superfície da rocha, no interior de cavernas como Altamira e Lascaux, da escrita, do cálculo, do átomo fissionado, das profundezas do céu, captado pela radioastronomia. Todos esses sons também se dissiparam pela atmosfera denunciando a natureza dupla do homem.
E o que dizer sobre a globalização? Ela é a raiz contemporânea de uma nova forma de violência? Um único centro hegemônico, os Estados Unidos, controla a máquina do mundo orientado pela lógica da acumulação de riquezas, o que pressupõe a existência de um poderoso aparato militar. Onde a lógica não puder ser imposta pela pressão diplomática, pela força do mercado, será assegurada pela boca fumegante dos canhões.
Entre os diversos tipos de violência podem ser encontradas: a violência física, psicológica, verbal, sexual, negligenciada, doméstica, política, cultural e até a esportiva.
Há quem diga que a violência é instigada pela televisão ou por demais meios de comunicação por mostrar com frequência assassinatos em novelas, brigas entre adolescentes, tráfico de drogas, violência doméstica etc. Mas cabe a nós pensarmos: será mesmo a culpa da televisão, ou ela só esta retratando a realidade? A verdade é que, independente dos meios de comunicação, violência sempre existiu.
O aumento do "consumo da violência" é fato notório: na mídia, o faturamento é garantido na exploração deste veio. Quase todas as emissoras de televisão têm programas onde a violência transborda.
No caso de crianças, sabemos da importância dos pais na construção do universo psíquico destas últimas. Porém, no caso de um ambiente familiar mal estruturado, ou seja, na falta de referências no ambiente onde está inserida, a criança pode tomar aquilo que a televisão mostra como coordenadas de base na construção de seu sistema ético-moral.
Quanto aos adolescentes, estes buscam modelos externos durante o período de separação e luto dos modelos familiares. Aqueles carentes de referências no ambiente familiar encontram nos “valores globais” respostas “assegurando" ao sujeito a ilusão de pertencer a um grupo. Alguns movimentos anti-sociais dos adolescentes - delinquência uso de drogas... - traduzem bem esta configuração. Em ambos os casos - crianças e adolescentes - quando o mundo interno se encontra mal estruturado e pobre em imagens identificatórias, a televisão pode oferecer "soluções" a conflitos internos. Pode acontecer que, para muitos, os valores exibidos pela TV sejam transformados em valores sociais de felicidade. Ora, quando se cria entre o Eu do indivíduo e estes "valores" uma distância intransponível, a violência pode ser a única maneira encontrada pelo sujeito como resposta à exclusão na qual o este mesmo sistema o colocou.
O Brasil é considerado um dos países mais violentos do mundo.O índice de assaltos, seqüestros, extermínios, violência doméstica e contra a mulher é muito alto.Suas causas são quase sempre as mesmas: miséria, pobreza, má distribuição de renda, desemprego e desejo de vingança.
Porque esses índices aumentaram tanto nos últimos anos? Onde estaria a raiz do problema?
Já é tempo de a sociedade brasileira se conscientizar de que, violência não é ação. Violência é, na verdade, reação. Em todo o mundo as principais causas da violência são: o desrespeito, a prepotência, crises de raiva causadas por fracassos e frustrações, crises mentais etc.A violência pode ser interpretada como uma tentativa de corrigir o que o diálogo não foi capaz de resolver.UM último recurso que tenta restabelecer o que é justo segundo a ótica do agressor.
Em geral, a violência não tem um caráter meramente destrutivo. Na realidade, tem uma motivação corretiva que tenta consertar o que já estava anteriormente errado. É essa “coisa errada” a real causa que precisa ser corrigida para diminuirmos, de fato, os diversos tipos de violência.
r@fynh@
B@lt@z@r
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